Parecia que o dia estava num daqueles dias. Como quando acordamos maldispostos. O Sol deve ter acordado assim e rodeou-se de nuvens. Aqui mais em baixo o vento veio passear-se entre nós, como quem diz, estou aqui, deixem-me sentir-vos. Bolas, dia perdido. Enganem-se, foi só mau acordar. À tarde já deu para um mergulho. Ou dois.
Não é cheio que se diz. É satisfeito. Seja. Estou a abarrotar e acredita que se comer mais expludo. Então vai-se estragar comida é? Não sei, eu é que não como. É fisicamente impossível. Não tenho assim tanto espaço no meu corpo para armazenar mais essa perna de cabrito perfeitamente assada e divinalmente temperada ou essas três batatas devidamente embebidas em molho de azeite. Não disseste que havia sobremesa? Come fruta. E faz um esforço por não explodir que já tenho trabalho de sobra. Corria bem o resto da tarde - finalmente percebi aquela história do Jesus e do Moisés. Se bem que acho que estas 5827542549 reconstituições históricas não vão ao pormenor. Quem era Jesus? Como ocupava os seus tempos livres? Cozinhava bem? E o Moisés, que pensava sobre a questão da OTA? - até ao momento em que vou investigar, por pura curiosidade, a dispensa. Não é que existem caixinhas de Ferrero Rocher versão boa Páscoa? Isto é alguém que não me quer bem…
Toda a gente opina, todos propõe soluções (“toda a gente critica/ toda a gente tem muita pinta” :)). E eu, salvo alguns casos, não gosto de ficar atrás de ninguém. Gosto principalmente da corrente era-dar-lhe-um-estalo. Se bem que os fervorosos adeptos da teoria isto-é-culpa-do-Sócras também têm a sua graça.
Ora bem, embora tenha barba ainda sou um puto. Porém, lembro-me que “no meu tempo” (gosto tanto desta expressão…), já existiam conflitos, trocas calorosas de epítetos ou até alguma violência mais subtil (se é que isso é possível). O que eu quero dizer é que estas situações não são novas. A nossa geração Morangos com Açúcar possui é meios que nós não tínhamos. Não acredito que seja um reflexo, como este senhor declara, da política da educação do actual governo - «Como não existe respeito por parte do Ministério da Educação em relação aos professores, esse sentimento passa para os outros e, neste caso, para os alunos…». Sejamos sinceros, alguém acha que estes jovens sabem mesmo qual é a linha orientadora do actual governo? Sabem qual é o actual governo?
Todos sabemos que a violência nas escolas existe. Provavelmente, todos temos histórias para partilhar. Dirigir as culpas para o(s) ministério(s) é tão eficaz como afirmar que eu sou gordo porque como muito. Mentira. Não sou gordo, sou forte. Vá, tenho uma barriga bem jeitosa. Constatar o óbvio até o miúdo que filmou esta curta-metragem digna de um prémio constataria (e não estou a falar da minha barriga, porque provavelmente não me conhece). Contudo, sou gordo, perdão, forte, vá, tenho uma barriga jeitosa, porque como mal, em quantidade e qualidade, porque faço pouco exercício, ou até porque poderei ter alguma pré-disposição genética para ser bem constituído. No nosso caso em estudo, a violência nas escolas é um produto da educação, não do ministério, mas daquela que é aprendida por cada um (seja em casa, seja na escola ou mesmo no youtube). No meu caso, existem nutricionistas, neste posso assegurar que existem perto de 2.000 psicólogos no desemprego…
Ao que parece estes dois senhores faziam-se passar por “bruxos” (este conceito é engraçado, pois supõe a existência de bruxos à séria), prometendo resolver todos os problemas, quais Professores Bambos. O caso mais flagrante foi este noticiado, de uma senhora que do alto da sua ingenuidade chegou a pagar 250 mil euros em troca de uns coelhos com minhocas guardados no cofre, assim como outros “arranjos” envolvendo patas de veado, sapos, bonequinhos Lego e arroz de frango. Normal, digo eu. Os artistas acabaram por ser presos e acusados de burla qualificada. Aqui é que está a parte engraçada. É que não foram acusados de burla fraquinha, foi burla qualificada. Uma vez fiquei a arder em 20 cent., num café, porque pedi um Santal de maçã e uma nata – 1.80. Dei dois euros e o homem não tinha moedas. Isto é uma burla fraquinha. Agora convencer uma senhora a pagar 250 mil euros por umas sopas milagrosas é qualquer coisa. Burla qualificada. Mais uma prova que a nossa justiça não dorme.
No início dos tempos, Tudo era Nada. Passados cinco minutos, tudo continuava na mesma. Até porque, se pensarmos bem, cinco minutos não dá para fazer grande coisa. Passados mais cinco minutos, o Nada já possuía mais cinco minutos de Nada. Cansado deste marasmo, Mar Mita, o deus da Terra, surge desse mesmo Nada, com o intuito de criar o Tudo. Como toda a gente sabe, o Tudo está à venda no IKEA. Na altura, havia uma promoção, que permitia comprar o Tudo por 34,68 € com oferta de um abat-jour. Mar Mita ficou contente, não só porque com esse abat-jour foi capaz de dar luz ao Mundo, mas também por ter verificado que, mesmo ao lado do Tudo, estava um suporte de velas que custava 35 €...
Depois de ter criado o Tudo, Mar Mita quis criar o seu primeiro ser. Surge Pacheco Pereira. Não contente com a sua criação, Mar Mita decide avançar para uma segunda tentativa. Surge um novo Pacheco Pereira. Para não possuir dois seres iguais, Mar Mita transforma a segunda criação no Ursinho Misha. Para este deus, possuir apenas dois seres, “istragava”. Como tal, criou a perfeição. E deu-lhe um nome: Ar Mando. Este ser possuía notáveis capacidades, o que não é de admirar, tendo em conta que era a perfeição. A sua arte mais apreciada era a de assar chouriças. Fazia as melhores de sempre, o que não era difícil, tendo em conta que Pacheco Pereira e Misha apenas sabiam comê-las enquanto discutiam a situação do Médio Oriente. Ainda não existia Médio Oriente, mas Pacheco Pereira já sabia que iriam haver problemas, sendo que quando rebentaram as primeiras bombas, ele disse, enquanto comia chouriça, “eu tinha avisado”.
Depois de mais criações, entre as quais destacam-se Mantorras, Nelson Mandela, Cacioli, Batman, Dalai Lama (todos eles), os restantes 428 Pachecos Pereiras (segundo dizem, a próxima versão possuirá Internet Wireless e Bluetooth), Mar Mita encarregou Ar Mando da missão de encontrar três Paladinos da Verdade, responsáveis por divulgar ao Mundo a sua mensagem (isto porque Mar Mita não possuía Internet). Depois de incessante busca, recorreu a Luís Freitas Lobo, que lhe indicou três jovens de elevado potencial que despontavam nos baldios dos Barbados: Chou Riçá, Moé Lá e Pa Nádu. Estes três jovens, depois de um longo e duro processo de aprendizagem junto de Ar Mando, ascenderam à categoria de mestres. Porque possuíam Internet, criaram este blog, “Ar Mando da Verdade”...
