Três manhãs passadas, três manhãs que o despertador não toca. Não é atrasar-se ou faltar por doença ou outras desculpas. Não, simplesmente não entra ao serviço. Nem uma gota de culpa e eu que me arranje. Podia ser prestável, um bom parceiro e ir além da sua ridícula função de tocar uma única vez. Tomava a iniciativa, oh amigo já são horinhas de sair do ninho e parecendo que não tens que trabalhar. Provavelmente eu mandava-o calar. Inteligentemente punha-o em modo silencioso. Arrasto-me a muito custo para o chuveiro onde, por norma, defino o ambiente de trabalho para o dia. Se começo a cantarolar aquele refrão é certo que só vou parar quando voltar para a cama. O mesmo se passa com uma frase ou ideia. Cereais enquanto arrumo o portátil e já estou atrasado. Dias iguais. Intermináveis. Previsíveis. Cheios. Não é preenchidos, é cheios. Estava mesmo convicto que já tinha vivido este. Repetições de gestos, de conversas, de viagens presas numa teia de fastio. A vida é só isto? Se soubesse que me ouvias perguntava se é só isto que tens para me dar. Que desenho fizeste para mim. Não te preocupes, sei que não respondes por escrito. Já percebi que o grande quadro só é perceptível no final, depois da incompreensão e da quase desistência. Tudo bem, aguardo curioso enquanto amealho tudo o que me pões à frente. Não filtro, absorvo tudo com a perfeita noção da existência de uma finalidade, uma justificação. Também já percebi que esta experiência vai durar, que ainda tenho muito para consumir. Mas tu sabes bem como eu sou, insatisfeito, conheces esta agitação que me devora, que não me deixa parar, sentes a devoção que me faz exagerar nos meus préstimos, a desilusão pela falta de reconhecimento. Tal como eu, olhas com olhar ingénuo e não concebes o ser demasiado bom ou o não trabalhes tanto porque recebes o mesmo. Tu percebes a ansiedade, a comiseração, a impaciência pela novidade e o cansaço que rapidamente me esgota. Talvez quando o rótulo de jovem deixar de me assentar seja levado mais a sério. Mas nessa altura espero já não prestar relatórios a ninguém.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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4 comentários:
Tens-me sempre a mim...
muito bem caro amigo.
tá calado e cala-te, pá! isto é uma desculpa esfarrapada para o cheiro que dás dos pés!
P.S.- verificação de palavras: bosniaegayz
Subscrevo inteiramente...
palavras e pensamentos demasiado comuns...
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