´Tá tudo bem?
Quererás mesmo saber? Então espero que tenhas tempo e paciência para me ouvir porque não, nada está bem. Alguma vez estará? É possível se quer? Sim, percebo, não queres saber nada de mais, apenas esperas que te pergunte o mesmo sem responder. Falamos do tempo, isso é que importa, da crise, daquele dia que virá, do café que nunca chegará, quem sabe do jantar e saudinha, para a frente é que é preciso. Sorrimos e voltamos a fechar a janela para o mundo. Também estou habituado a conviver assim, não te preocupes. Também conheço as regras do jogo e jamais te massacraria com algo tão entediante como uma sincera resposta à tua tão pertinente pergunta.
´Tá tudo. E contigo?
Vai-se andando, vai-se andando.
Claro que sim. Vai andando por ali então, antes que tenhamos que falar mesmo de alguma coisa. Não saberemos o que dizer, eu estou cansado de trivialidades e circunstancialismos, o desagrado e o enfado ir-se-iam notar nos vincos da minha face e no pesar da minha frente. Aí, só terias duas soluções. Ou muito sabiamente proferias um tem de ser quase bíblico e arrepiavas caminho ou fingias preocupação, perguntavas uma mais intimista, mas passa-se alguma coisa?, e não sei se me conteria. Desabava numa catarse, confidenciava-te o meu medo da rotina, a desmotivação no trabalho, a falta de tempo, sempre atrasado, a asfixia social, etc, etc, etc. No meio da rua, num parque de estacionamento ou no messenger serias a minha cura rápida. O meu Paulo Coelho. Em dez minutos alternava os humores extremos, tu atrasavas-te mas seguirias com o pensamento tranquilo, de alguém que praticou uma boa acção, mesmo que não tenhas percebido o que se passou. Deixa lá, tudo se há-de resolver, gostei de te ver. Agora tenho mesmo de ir, alguém me espera.
3 comentários:
respira... :)
andamos todos no mesmo...
e eu a pensar que o vinho do zé era o motor da catarse :)
bem visto,
abraço
:)
não, o vinho do zé é o motor para o catarro :)
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