Gostava de escrever melhor. As palavras fascinam-me. Adoro dar-lhes forma e sentido. Adoro vê-las nascer da ponta da caneta, embora saiba que não me pertencem. Gostava de compreender o sentido de todas. Ouvir o que cada uma tem para me dizer. Por vezes penso que não as mereço. O que anseio mesmo é dominá-las. Ser um comandante, um rei, um ditador das palavras (este desejo nunca passará disso mesmo. Essas figuras que povoam a história e o imaginário ou não tinham maleitas, ou a tê-las eram algo dignificante, desde uma sífilis a um distúrbio da personalidade. Eu tenho uma colite). Quero mandar nas palavras. Ordenar-lhes para não me fugirem, aglomerá-las por significado, para não ter que recorrer ao dicionário de sinónimos do Word, aprender o melhor e o pior de cada uma delas para saber quando as usar. Mas elas não querem saber de mim. São como aquelas miúdas que nos usam para fazer ciúmes sem nos darem uma hipótese. Parece-me que continuarei a ser escravo das palavras, sem revolta em perspectiva.
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1 comentário:
Normalmente as miudas que usam alguém para fazer ciúmes é porque esse alguém não deve valer muito.
Não sei se é o caso.
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