segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A lei de Murphy só é de Murphy porque eu não nasci primeiro

Há dois anos que conduzo, com muito gosto, o meu jipinho. Excepto uma pequena fuga da bomba da água que lhe permitia atingir temperaturas dignas de estrelar um ovinho no capot, nunca teve nada de mais. Pequenas manias perfeitamente controláveis. No fundo, não passa de uma gaja – se estou mais de um dia sem o ver, o alarme não desliga à primeira, nem segunda, nem terceira, se opto, num acto de altruísmo ímpar, por levar mais alguém comigo, os vidros não abrem ou os cd´s simplesmente não são lidos. É um carro com personalidade, que se assume como dono do seu dono e que sabe a importância que tem para mim. Nunca o tratei mal, não o deixo morrer de sede, não o arranho, não o obrigo a longas viagens nem altas rotações. Nunca me deixou ficar mal nem me trocou (ainda que involuntariamente) por outro. Também, já há sensivelmente um mês que não faço nada. Consumo compromissos profissionais (orientar o estágio na faculdade e pagar propinas), socio-afectivos (vulgo, minis, PES e namorada, não por esta ordem) e culturais (cinema). Hoje, segunda, por volta das 9.30, inicio o meu estágio. Tudo de bom para ti, dirá o amigo leitor, com mais ou menos cinismo ou interesse. O que sucede? Numa demonstração de carácter temperamental, o meu bólide decide ter esta conversa comigo, em plena via rápida, sentido Green Vile – Braga, na presença de terceiros (sabe que detesto discussões em público):
- Então amanhã precisas de mim à séria…
- Sim companheiro, dava jeito, o estágio ainda fica a 20km de casa!
- Hum, tá bem tá. Por acaso não reparaste a semana toda que eu não andava a pegar à primeira pois não?
- Pois, sim, acho eu. Mas acabavas sempre por pegar sem problemas…
- Claro…olha, vou só acender aqui umas luzinhas no painel, ok?
- Então? Qué´isso??
- Não sei, não sou mecânico. Mas sei que não me fico por aqui, vou deixar de desenvolver, por muito que aceleres ou reduzas não passarei dos 80km/h.
- Acho que ainda conseguimos chegar a Braga…
- Não consegues não porque vou muito simplesmente deixar de trabalhar em plena via-rápida, obrigando os teus amigos a empurrar-me até à próxima saída, que, coincidência, é a rotunda do Horly. Só para ficarem aí os 6 (ainda por cima venho sobrelotado), trajados, ao lado do Motel onde, dizem, se pode ver estrelas, por vinte beijinhos.
- Tu queres ver?? Olha que isto não me fica de caminho…e agora?
- Agora telefonas para a seguradora e eu vou de reboque passear.
- E eu?
- Tu não vens de reboque, óbvio. Desenrasca-te que eu ´tou doentinho e preciso de descansar.

3 comentários:

Anónimo disse...

É assim que se escreve Horly? Acho que não... Mas pergunta ao Sangue que ele já lá foi! Quanto ao resto, creio eu, na larga experiência de mecânico de mulheres, que isso é das velas. Tens que trocá-las. As velas, claro.

Anónimo disse...

Afinal posso levar os pés no "tablier"... Nunca parou por causa disso :P

Anónimo disse...

isso é figado