sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A continuação

A federação nacional de cegos norte americana emitiu um comunicado a censurar o filme Blindness, baseado no Ensaio sobre a cegueira. Na passada terça um amigo, professor a exercer, confessou que já em desespero de causa, depois de tentar tudo que havia para tentar, deu a chamada sapatada num miúdo (12 anos) que teimava em querer destruir a sala. O problema dele era o medo da reacção dos pais. MEDO DA REACÇÂO DOS PAIS! Em que momento das nossas vidas perdemos o bom senso, a alegria, a noção da realidade? Só oiço barulho. Tudo é barulho. A partir desta segunda vou começar a substituir as t-shirts por camisas, os ténis de sola branca por algo aproximado a sapatos e arrumar as calças mais largas. Desejo de mudar de visual? Nem por isso, necessidades ligadas ao mundo do trabalho. Entrar numa organização (em todos os sentidos que este conceito possa abarcar) implica adaptação, visto que esta é um grupo que partilha valores, crenças, ideais, tradições e objectivos. Fazer parte, a tão afamada integração, mais não é que aprender, interiorizar, aceitar e repetir todos estes valores e rituais. Fui praxado e ao longo de quatro anos assisti a praxes, sem participar activamente (apenas marco presença). Sou a favor da praxe académica na sua essência, a da integração. E sei que funciona assim na maioria dos casos. Permite que as pessoas se conheçam, se sintam à vontade, percam a vergonha e os receios. A partir do momento em que tenho que rebolar por cima de uma colega já está criada intimidade Os únicos momentos de revolta que senti foram dirigidos não para excessos mas para a falta de seriedade. Quem praxa e sente gosto nisso não aprova violência nem exageros. Sinceramente, custou-me ver a reportagem da sic (não me apetece procurar o link), não só pelo painel de comentadores ser constituído por pessoas fortemente habilitadas a falar de jardinagem, astrologia, astronomia, culinária, desporto, filosofia, vindimas, literatura, e coisas da sociedade em geral, mas também pela procura exaustiva e facciosa (para não dizer fora da realidade) dos efeitos nefastos da praxe. Eu vejo a universidade como algo mais do que um simples depósito de corpos em transição. É uma história, são tradições e relações. Trajar, formar uma associação de estudantes ou ser praxado são frutos da mesma árvore. Dizer que só é praxado quem quer é verdade. Tanto como eu querer vestir camisas. Não me lixem com as influências gupais que eu respondo com criação de identidade de grupo. Se, e acredito que a questão esteja nesta conjugação subordinativa (é, não é?), existirem pessoas competentes, com maturidade suficiente para conhecerem a missão que têm pela frente, bem ensinadas, a praxe só pode ser o melhor momento da vida de um aluno na faculdade. Isso e começarmos todos a relaxar um bocado, nem que seja à base de canabinóides e álcool, em casa ou em festas académicas.

2 comentários:

Mestre Moé Lá disse...

O Moita Flores nos próximos programas parece que vai falar sobre a caça ao urso no Alasca. E é gajo de estar indignado com isso...

S. G. disse...

aqui também é só barulho...falem de coisas de gente trabalhadora...